Quantos “vou” e “não vou” ficaram só pelo
gosto e desejo de enfrentar os meus distintos medos que são tão próprios do
estar velho e só, como se quisesse escrever cartas de despedida?
Será o espaço marcado e demarcado pela
presença de um ilusório terreno de conquista?
Meu coração!
Quantos batimentos aflitos te restam?
Quais são os que prestam?
Quantos bafos te restam dos que prestam?
Por quem te derrubas ou vences?
Por quem dormitas e te excitas?
Quem são afinal os gigantes por quem te
precipitas?
Quantas mais alucinações habitam o teu
imediato, meu coração?
Serei eu mil personagens?
Mil maneiras de te sentir?
Não sequer tenho olhos tristes de mau
cavaleiro derrotado, a batalhas obrigado. Eu luto porque vivo, e lutando
conquisto a liberdade de poder ser quem eu quero ser. A minha vida é esta.
Lutar e sonhar.
Portanto…
Portanto e contudo…
Finalmente te encontro desequilibrado, meu
coração, como se fosse só a morte a origem de todas as desgraças.
Que força existe para além da tua, coração?
Olhos que contemplam Dulcineias, cabeça e
mãos que te suportam?
Que pés e loucuras te movimentam se és só
instrumento de corpo, pequeno rocinante ou peça de armadura insuficiente?
Até quando?
Até onde irás sem ser Dom Quixote?
Até onde?
Pega em armas e cavalo e apressa-te a ver o
que ninguém mais consegue ver.
Será que hoje te inventei triste, meu
coração?
Ou és já um manifesto do que te faltaria de
bom cavaleiro?