terça-feira, janeiro 10, 2006

O despertar da minha Arte

Ser paciênte... esperar...


Hoje é dia de felicidade. Chove muito. E quando chove muito, chove mesmo muito. Parece até que as pinguinhas da chuva chegam sempre como multidão, sempre muitas, sempre juntas. Se abrirmos bem os tímpanos conseguimos, imaginar uma marcha militar, e fica mais ou menos engraçado. A chuva como passos dos soldados, como se tudo junto fosse uma dança, sem a musica e sem cadência. Porque a verdadeira música, a verdadeira cadência, é sempre outra, muito mais tonta, muito mais física. - “ Estou à espera da menina Raquel ” - dizia eu farto de esperar, e com uma serenidade só observável. A menina não veio logo, e sempre me deu tempo para me ocupar, e eu contava as folhinhas pequeninas que voavam em conjuntos de três. - “ Ela não vem. ” - pensei. Era eu a denotar algum pessimismo antecipado. Seria o reforço da ideia de que não viria mesmo. - Tavira em 02 de Dezembro de 1999 -

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Bom regresso...

Um rasgo de palavras - Setúbal 12 de Setembro de 2003 - Há já algum tempos


Somos os loucos da vida… pois que só assim é possível viver sem demasiado senso e preocupação… com alienação que baste para não aceitar regras que nos tornam sós e isolados das delícias.
Tenho a cabeça cheia de intervalos que não me deixam sonhar com "desprazer"… e nesse intervalo há um espaço desconhecido… do qual tenho um medo estúpido e inútil… mas enfim ou adiante.
Há medida que o tempo passa por uma Lisboa, eu vejo fotografias lindas de mulheres a preto e branco… e nesse mesmo momento queria ter sido eu a tira-las… para sentir o vapor dos seus suores… ou os ciúmes dos magnatas que afinal de contas, não controlam coisa nenhuma. Queria beijar essas mulheres, uma a uma, como beijo todas as senhoras bonitas com mais de vinte anos.
Cruel miséria, ter de me contentar com contemplações impessoais e à distância.
O certo de toda este rasgo de conversa é que estou num estado de rebentação de ondas extraordinário.
É que a minha disposição para a vida também diminui a cada segundo… e desinvento segundos que existem… e penso que a felicidade que tanto se procura está antes de nós, e não depois… por isso corremos sempre atrás dela em vez de pararmos um pouco para ver se ela nos toca com amor…

É esta a filosofia de vida mais barata que conheço e a que mais felicidade me traz.
O mundo hoje parece-me mais pequeno… o que é bem melhor do que ontem.
Mas não sei se gosto da ideia.


Mário Jara