terça-feira, dezembro 01, 2009

Oublier le temps des malentendus


Dorme triste.

Todo enrolado.
A cantar em cada sonho que, embora a fingir de risonho,
Aquece o tempo com bons momentos.

Não são fragmentos.
São momentos de corrida, de escadinhas em escadinhas,
Levando na mão coisinhas daquelas que entram nos sonhos

Por janelas, por buraquinhos, até nos sonhos pequeninos.
Gesticulando sou um maestro.
Sorrindo sou uma corrida.
Mas estou já de partida.
Levo-te ao comboio que tenho no meio dos dedos, ou então
Mesmo à locomotiva que te transporta e te conforta até ao
Final desta viagem.
Próxima paragem, o teu coração.
É lá que tu te desenhas em exactidão e passos fixos,
Magníficos.
Sobe o “ Pouca Terra ”.
Senta-te naquele banquinho.
Naquele.
O que fica ao lado da janela.
É que assim ficas com ela que é boa companhia.
Sempre te amo ou é só um contratempo?
Posso dizer que foi um lapso, que me descuidei na
Quantidade do sentimento.
E agora é muito fácil.
Invento um castelo e durmo no meio dele, numa cama de cortiça.
É para parar a preguiça de ficar nos teus anéis.
Já durmo.
E tu vais nesse comboio de mil e uma paragens.
E cada vez que sonhas ou afagas os suspiros do cansaço,
Saltam-te grandes personagens a imitarem o Dom Maldade.
Senhor capitão!
Tenha pena da menina.
Deixe-a sonhar nesse banquinho.
Sim esse.
Não a acorde que está mais feliz assim.
E não se sinta triste desse jeito.
Nem precisa de morrer.
Volte mais cedo para o barquinho.
A pirataria fica contente.
Dormem todos mais calmamente.
Está lá o senhor Quixote. Está de visita.
Fuja.
Corra.
Vá a galope.
Apresse esse coração
Ele faz o que a gente lhe dita.
A menina pequenina desapareceu por algumas vidas.
Mas eu fico aqui à espera.
De postura dura, como uma esfera.
Só não lhe vou gritar muito alto.
Detesto vê-la chorar.
Perde o encanto.
Ou talvez não.
Pronto.
Fica diferente.
Mas gosto mais de a ver contente.
Feliz com o pensamento.
Ela agora cresceu.
Disse-me.
Agora, nada de vestidinhos brancos.
Disse-me.
Gosta mais de como é.
Disse-me.
E anda feliz e sorri.
Durmo calmo sempre como nunca vi, mas agora nu.
E nos sonhos que tenho com ela bebemos chá de canela.
Eu aperto as mãos na mão dela.
Lá tenho um grande mar.
É lá que gosto de estar.
E ela diz sempre o que quer.
E eu sigo-a por querer seguir.
Ás vezes faço mal.
Não me faço entender.
Fico triste, rabugento.
E durante muito tempo grito:
- “ Onde estás? “

sábado, outubro 17, 2009

reflexo, reflaxão ou pensar em nada...


Reflexão

psicologica
- pensar sobre um tema

física
- fenómeno que corresponde à mudança de direcção ou sentido de propagação física

matemática
- transformação geométrica

Entre filmagens e gravações... relaxando


quarta-feira, outubro 14, 2009

Curiosidades Estéticas


O mais importante na vida
É ser-se criador – criar beleza.

Para isso,
É necessário pressenti-la
Aonde os nossos olhos não a virem.

Eu creio que sonhar o impossível
É como que ouvir uma voz de alguma coisa
Que pede existência e que nos chama de longe.

Sim, o mais importante na vida
É ser-se criador.
E para o impossível
Só devemos caminhar de olhos fechados
Como a fé e como o amor.

António Botto

O Jara 09 de há cem anos ou por diante


Há um movimento que aquece com tanto sentimento.

Sou dez vezes mais do que sou só uma vez.
Aqueço até o desperdício do que sendo só um nunca
Uso, ou nunca vejo.

Se me lembrasse sempre da finalidade do que é
Ser-se, nunca chegaria a revoltar-me tão
Honestamente como posso.

Velho, eu?
Por favor!
Permito-me permitindo-me correr com tal euforia,
Com tal energia, e de tal modo agressivo ,
Que acabo sempre o que me proponho fazer.

Sou novo.
Novíssimo.

domingo, outubro 11, 2009

Redescobrir todos os beijos


Beija-me.

Ah, se me beijasses e desejasses...

Ainda que em soluços, só de raspão.

Saber-me-ia bem se me beijasses.
Um toque fresco.

Um sabor quente.

E alternadamente um fresco quente!
Podias beijar-me subitamente.

Ao de leve, como se diz.

Ou apressadamente, quase rude.
Arrastando-te em m
im, por cumplicidade.
Se me beijasses tranquilamente, lançando-te sobre mim, como se fosse eu uma "ultima vez qualquer coisa".

Beija-me num crescendo de fanatismo, ou de máscara posta ao invés numa festa disforme.

Actua sobre os beijos que me podias conceder, molda-os ao meu coração atómico, mascara-os também de ti.

Se me beijasses e desejasses mesmo trémula que fosse.
Enrolar-te-ia comigo se me beijasses, mesmo que me não desejasses.

Talvez subiss
es pelo meu corpo mordendo e salivando em cada relevo.
Talvez nem te lamentasses e te esquecesses que, por me beijar me desejavas ainda mais.
Beijando-me, beija-me!
Beija-me contentíssima, soprando no vapor dos beijos palavras amenas, olhos pouco coloridos, apagados ou adormecidos em prazer.
Beija-me que beijando-me te beijaria eu, ansioso e desejoso, eu apertando os dedos no meio das mãos, eu tremendo em medo, enervando-me, sufocando-me e transpirando-te em mim.
Se me beijasses!
Beija-me.

De volta... para o comboio da vida

O comboio não pára.
E estar ausente é sempre uma forma simpática de dizer que as coisas não estão a correr como planeamos.

Ainda assim, é bom estar de volta!

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Em construção... "Rituais ao Sul"

Ainda que, com o mesmo receio de sempre de ser plagiado por gentes menos honestas, aqui fica um pequeno suspiro do trabalho que estamos a preparar, lá para Março de 2009...




Rituais ao Sul, um espectáculo sublime onde o gesto, o som e as imagens do quotidiano de várias vidas valem mais do que mil palavras.