quarta-feira, março 03, 2010

...como eu observo as coisas...


Eterno movimento.
Posição de pensamento profundo, como estar
Presente e ausente.
A subtileza do olhar que conquista o centro de toda a atenção.
Eternamente debruçado sobre o cansaço e um assento.
Pensar intuitivamente como um vício natural que

Associo ao remexer do ar.

Sintonia de gestos suavemente decorados com leveza,
Com suavidade, sem esforço algum.

Um mundo visto desta posição é perfeito,

É o verdadeiro presente, é um mundo qualquer,

Um Saturno, Marte, um planeta sem nome, um
reflexo perfeito.
Na frente do corpo um Universo, almas, Sócrates,
Símia,
Cebes, um debate de compreensão.

E eu calmo, observo profundamente em posição
De importância suprema o meu exterior.
É físico e é uma construção cénica de um acto
Representativo.
Só uma posição.
A perspectiva da imagem é estática.

Não há mais expressões para além do impossível
Que foi dar-lhe expressão.


Olhos abertos.

Lábios separados, ligeiramente colados nos cantos românticos.

Dói-me ter o cepticismo embaciado, desactualizado.

Dói-me não estar profundamente interessado.

Dói-me não saber interessar-me, angustiar-me,
Contar os dias de chuva.
Dói-me pelo que perco, pelo que tenho, não o tendo conquistado.

Dói-me estar fixado, alienado, destinado a isto,

Ao que é parecido com isto.
Isto.
Isto. Isto.
- “ Janeiro, Fevereiro, Março, Abril adiante. “

Máquina de páginas.

Estar ausente é mais fácil.

Assim é mais fácil.
A dinâmica não se vê mas existe.
Há dinâmica no passar os olhos da esquerda
Para a direita, a caneta da esquerda para a direita,
Os livros da esquerda para a direita,

Pensar da esquerda para a direita.

Há dinâmica.
O que é que tudo importa?
Estou na montra e tudo passa da esquerda para
A direita, o mundo passa da esquerda para a direita.

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